ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL EM TEMPOS DE PANDEMIA

Envelhecer é inevitável. Este é um processo que decorre da contínua mudança da idade, sendo caracterizado por uma progressiva alteração da capacidade do nosso organismo, contando-se com alterações morfológicas, fisiológicas, psicológicas e sociais, tal como indica Roger Fontaine no seu livro “Psicologia do Envelhecimento”. Cada um de nós envelhece de forma diferente e experiencia este processo de distintas formas. Contudo, perante o aumento da longevidade é necessário darmos mais vida aos anos, olhando para o ato de envelhecer como um processo positivo.

Numa perspetiva demográfica, com o aumento da proporção de pessoas mais velhas o envelhecimento surge nas agendas políticas e é iniciado o debate sobre estratégias que vão ao encontro das necessidades impostas. Estas estratégias procuram dar respostas aos desafios inerentes ao processo de envelhecimento, tendo as mesmas de ter um carácter holístico e transversal, por dizerem respeito ao ciclo de vida e às suas dimensões.

Em contexto português, atendendo às transformações demográficas e em matéria de envelhecimento ativo e saudável, nos termos do Despacho n.º 12427/2016 menciono a Estratégia Nacional para o Envelhecimento Ativo e Saudável, enquanto proposta de um grupo de trabalho interministerial. Mas o que é o envelhecimento ativo e saudável? Este foi definido pela Organização Mundial da Saúde, como sendo o processo de otimização das oportunidades para a saúde, participação, segurança e para a melhoria da qualidade de vida à medida que as pessoas envelhecem.

Mas se refletirmos, o que é e como se promove o envelhecimento ativo e saudável em tempos de pandemia? No que concerne à sua definição, este não sofre alterações. Contudo, será que este processo de otimização das oportunidades nos pilares fundamentais do envelhecimento ativo - saúde, participação e segurança - não sofreu alterações? Na minha opinião, sofreu.

Como indicado pela Direção-Geral da Saúde, todos corremos o risco de contrair a COVID-19. Contudo, as pessoas que correm maior risco de doença grave por COVID-19 são pessoas mais velhas e pessoas com doenças crónicas, sendo que em termos de saúde, segurança e participação a promoção destes pilares está em risco de satisfação, não querendo entrar no campo da reflexão sobre o agravamento da situação social e de saúde de muitos cidadãos, por esta crise de saúde pública.

À luz da missão da Santa Casa da Misericórdia de Leiria, destaco em particular o papel preponderante do Lar Nossa Senhora da Encarnação (LNSE) e do Serviço de Apoio Domiciliário, na manutenção do bem-estar. Desde já deixo uma palavra de apreço pelo esforço e dedicação da equipa que integro, composta por profissionais e colegas resilientes que na base da sua intervenção diária, atuam, garantindo a promoção da autonomia e a satisfação das necessidades dos residentes e beneficiários.

Destaco que no LNSE em tempos de pandemia, se intervém numa ótica de humanização dos cuidados, onde o cuidar é a essência da prática diária e que se promove o envelhecimento ativo e saudável, por meio de uma intervenção de proximidade e que promova o respeito pela dignidade dos seus residentes, num quadro de proteção contra a COVID-19.

Termino por referir que vivemos dias em que diariamente somos confrontados com um aumento exponencial do número de casos. Na nossa linha de atuação, seguem-se as orientações e as medidas preconizadas e anseia-se por um futuro ajustado às nossas esperanças.

ANA CAROLINA COSTA,

Assistente Social Estagiária (LNSE-SAD)