ORGANIZAR, APOIAR E HUMANIZAR PARA UM MELHOR CUIDAR!

Celebrou-se no passado dia 11 de fevereiro o XXVIII Dia Mundial do Doente, data instituída em 1992, pelo Papa João Paulo II. Esta efeméride é celebrada em Portugal através de várias ações de sensibilização da sociedade civil para a necessidade de apoiar e ajudar todas as pessoas doentes. Recordo que há muito a Organização Mundial da Saúde recomenda que o doente deve ser colocado no centro do sistema, qualificando e dignificando o acesso dos mesmo aos cuidados de saúde. Desta forma poderemos Cuidar, e cuidar Melhor!

Mas que pressupostos deverão estar subjacentes para melhorar a qualidade dos Cuidados de Saúde? O primeiro, estou convicto, passa necessariamente por Organizar. Organizar o sistema ou as organizações/instituições. E neste âmbito saliento todo o trabalho que estas têm desenvolvidos num passado recente, com enfoque em diferentes dimensões da atividade assistencial. As diferentes instituições prestadoras de cuidados de saúde, têm nos últimos anos desenvolvido processos de melhoria em várias dimensões, como a Excelência Clínica, a   Segurança, a Adequação e Conforto e a Satisfação do Doente, entre outras. Os cuidados devem ser focados, sempre numa perspetiva de Ajudar no Cuidar, Humanizando todo o processo.

Não importa apenas apostar numa melhoria da Estrutura, seja das infraestruturas ou equipamentos, seja dos quadros especializados (as Pessoas, antes apelidados de Recursos Humanos). Urge Organizar e otimizar Processos, em busca do que realmente interessa: a excelência do Cuidar! Permitam-se uma breve reflexão sobre a nossa realidade atual, através de algumas questões, quando me coloco no papel de cidadão doente. «Estou capacitado e sou ajudado para tomar conta da mim, na saúde e/ou na doença?»; «Posso escolher os meus médicos e as instituições a que recorro?»; «Existe equidade no acesso aos cuidados de saúde, sem discriminação geográfica, de género, credo ou etnia?»

A resposta a estas e muitas outras questões, passa obviamente por um esforço consertado dos governos e instituições, no sentido de organizar o sistema e os serviços. Mas também passa pelo Cidadão, que deverá mostrar dever cívico, mais literacia em saúde e um espírito crescente de ajudar, incrementando a Humanização através do voluntariado. E por fim os profissionais de saúde, que para além das competências, devem disponibilizar tempo aos doentes, promover uma relação empática, centrada nas prioridades e preocupações do doente, utilizando um discurso entendível e permitindo a decisão partilhada.

Termino com a convicção de que muitas destas linhas orientadoras serão progressivamente assimiladas pelos diferentes stakeholders, e, por conseguinte, introduzidas na prática quotidiana das nossas instituições. E desta forma, Organizando, Apoiando e Humanizando, mais e melhor, poderemos ter cuidados de saúde de excelência e focados no doente, crucial numa população cada vez mais envelhecida.

Dr. Nuno  Rama

Director Clínico do Hospital
D. Manuel de Aguiar,
Consultor de Cirurgia/
Cirurgia Colorrectal

Artigo 19 DE FEVEREIRO DE 2020 - Caderno de Saúde - Diário de Leiria