MEU OUTONO, MEU ENCANTO



Ai quem me dera poder
sentir teu vento bater
na minha face enrugada;
com uma roupa qualquer
o cabelo em desalinho
cantarolando baixinho
sem querer saber de mais nada…
Só a pensar no prazer
do dia ao entardecer
de tom suave, dourado
e no afago que dás
ao meu corpo desgastado
de sofrimento repleto…
Outono de ti eu queria
não ter mágoa, quem me dera
e viver só a quimera deste meu amor secreto…
Para ti as árvores de despem
com o sentir em desvario
esquecendo sempre que tu
és fugaz e inconstante
vais-te embora num instante
deixo-as nuas ao frio;
também eu quero esquecer
todo o mal que me causaste,
quero no corpo, quer na alma,
agora apenas a calma
do teu tempo de brandura
e viver essa ternura
com a mente ao abandono…
Não quero sentir mais nada,
Só quero dizer-te encantada,
eu te amo, querido Outono.

Poema de Umbelina Silva