Quando falamos em Serviço de Apoio Domiciliário (SAD), falamos em envelhecimento, aceitação da necessidade de ajuda e dependência com recurso a cuidados personalizados.
O envelhecimento demográfico é uma das principais razões para o aumento da procura por cuidados domiciliários. Em Portugal, e em muitos outros países, a população está cada vez mais idosa, e com esta realidade exige serviços de apoio domiciliário mais especializados e acessíveis, de forma a garantir a qualidade de vida dos idosos e reduzir a pressão sobre os hospitais e lares. O Serviço de Apoio Domiciliário, permite que as pessoas possam manter a sua independência e bem-estar, permanecendo mais tempo no conforto do seu Lar, com os cuidados e acompanhamento de que necessitam diariamente assegurados. Com este envelhecimento da população e o aumento da procura por cuidados domiciliários, o recurso a tecnologias avançadas é cada vez mais importante, como o uso de dispositivos de monitorização remota, que permite aos profissionais verificarem as ocorrências em tempo real e atuarem mais rapidamente em casode necessidade. A telemedicina e os dispositivos inteligentes poderão melhorar a assistência e autonomiados idosos.
Os nossos idosos são pessoas cada vez mais esclarecidas e exigentes e os serviços terão que estar adaptados a essa realidade. A abordagem deverá ser totalmente centrada na pessoa idosa, valorizando as suas preferências e interesses a fim de priorizar sempre a sua participação ativa na tomada de decisões. O bem-estar da pessoa idosa depende das suas necessidades físicas, emocionais, sociais e espirituais. A empatia, o afeto, a responsabilidade, a confidencialidade, confiança e compromisso devem permanecer nos
cuidados prestados. A confiança entre os cuidadores e os utentes é essencial para minimizar a sensação de invasão de privacidade durante os cuidados domiciliários, o que exige uma abordagem cuidadosa e respeitosa para garantir a segurança e tranquilidade aos idosos.
Desta forma, é necessário ter profissionais que gostem genuinamente do trabalho com o idoso e que nele possam ir para além do regulamentado e exigido. O trabalho é exigente, quando o tratamento é humanizado e personalizado e como tal, é fundamental que os profissionais cuidadores tenham formação contínua e sejam criadas condições
de trabalho atrativas. Cuidar da terceira idade, poderá ser emocionalmente desgastante
e o apoio psicológico e emocional será crucial para estes profissionais que se dedicam diariamente ao idoso.
A sustentabilidade financeira e a valorização dos cuidadores, formais e informais, serão fundamentais para garantir que o setor continue a evoluir e a responder às necessidades da população. Sabemos que os jovens de hoje, serão os idosos de amanhã e estes cuidados domiciliários terão de ser direcionados nesse sentido. A multiculturalidade apresentará desafios, uma vez que esta não envolverá apenas diferenças culturais e étnicas, mas também estará relacionada com a identidade de género e orientação sexual.
A formação dada aos cuidadores deverá conter também comunicações interculturais e uma educação sobre as práticas culturais específicas. No futuro, deve ser garantido uma prestação de cuidados domiciliários com uso de linguagem inclusiva e aceitação da identidade de cada idoso, sem lugar a estigmas e preconceitos. Caso contrário, poderá originar um aumento do número de casos de isolamento e vulnerabilidade social. É urgente a existência de respostas ao envelhecimento, mais do que reabilitar na terceira idade, é necessário promover e manter-lhes uma qualidade de vida adequada e adaptada, através de um envelhecimento ativo e saudável. Os cuidados domiciliários tornar-se-ão um pilar essencial para oferecer um atendimento personalizado e humanizado aos idosos. Esta Resposta Social, de cuidados domiciliários, deverá ser cada vez mais inclusiva de diversidades culturais, adaptável a estilos de vida diferentes e flexível nas exigências solicitadas. O trabalho para com a pessoa idosa, deveria ser feito com base no que gostaríamos que nos fosse feito a nós mesmos na velhice, e pensarmos que hoje são eles, mas amanhã seremos nós. Dignidade, equidade, respeito, inclusão e empatia, deverão ser os valores de uma visão futura para com a população idosa.
JOANA RODRIGUES COSTA
Assistente Social