Como é que podemos falar em envelhecimento ativo e saudável, quando todas as normativas anunciadas pedem que nos protejamos? Parece que se está a falar em duas ideias bastante incongruentes e sem qualquer tipo de relação.
Ser ativo e saudável é a aptidão de manter as nossas capacidades biopsi-cossociais e os nossos contactos sociais, mas como é que se pode fazer isso tudo, dentro de meia dúzia de paredes? De certo que estes tempos de pandemia levam-nos a uma grande reflexão e inovação. Temos de ser criativos e proporcionar atividades e criar ideias para que as pessoas mais velhas possam adaptá-las às suas rotinas mais limitadas.
Com o passar dos anos temos sido confrontados com novas mentalidades e aptidões das pessoas mais velhas, de momento é impensável comparar as pessoas idosas de há dez anos atrás com as da atualidade. Temos de nos adaptar às suas rotinas e exigências e a pandemia, que agora atravessamos, acaba por culminar no clique necessário para a necessidade de promover novas ideias e novas dinâmicas.
O momento atual exige de nós uma grande solidariedade intergeracional e interdisciplinar. Todos nós fomos mitigados pela pandemia e tivemos de adaptar todas as nossas rotinas, promoveu-se o teletrabalho e diminuiu-se o contato social. Contudo e, apesar de ser difícil para a população adulta, foi uma barreira enorme para a população mais velha, que se viram obrigadas a ficarem em casa e, em que, maioritariamente, as suas atividades foram canceladas. Com isto, tenho a ousadia de dizer, que se tornou quase impossível manterem-se ativas e saudáveis na sociedade.
A pandemia, que continuamos a enfrentar, retrata um enorme desafio para a população mais velha, tendo de se reinventar e adaptar as suas rotinas para que permaneçam ativas e saudáveis e, para isso, o uso da tecnologia é fulcral para manter ou mesmo readaptar a sua qualidade de vida e diminuir o sentimento de solidão. A tecnologia acabou por ser uma solução de combate ao isolamento, em que as conversas no café ou espaços verdes, as consultas, as atividades de interesse, entre outras, começou a estar à distância de um clique, em que os convívios tornaram-se em videochamadas e em encontros on-line.
Permanecer ativo em tempos de pandemia é difícil, mas não impossível, conseguimos manter a distância e realizar algumas rotinas ao mesmo tempo, sempre com bastante cautela. Começamos a ser mais criativos e adaptar as nossas rotinas ao meio mais tecnológico, trocamos abraços por acenos no Facebook, mas temos todos de lutar, pois não podemos viver assim para sempre, porque os abraços, o carinho não são tecnológicos, com esforço reinventamo-nos, mas não podemos vivê-lo assim para sempre.
Ser uma pessoa ativa e saudável não é só vivido no exterior da casa, nos parques ou nos cafés, é saber viver a vida dentro e fora de casa da melhor maneira possível, com melhoria da qualidade de vida, sem qualquer tipo de critérios base.
RUTE BRÁS,
Gerontóloga Estagiária na Santa Casa da Misericórdia de Leiria