MISSÃO DAS MESAS ADMINISTRATIVAS NA ECONOMIA SOCIAL

Atualmente existem em Portugal 398 Misericórdias activas e outras 80 inativas de que há memória ou vestígios patrimoniais. As Misericórdias nasceram do preceito cristão da caridade, expresso nas 14 obras de bem-fazer, sete espirituais e sete corporais. O espírito de misericórdia converte-se em acção organizada, à maneira das instituições medievais, pela primeira vez em Florença, no ano da graça de 1244, por iniciativa de S. Pedro Mártir.

A ideia, chegada a Lisboa nos tempos de D. João II, como um benéfico efeito colateral das relações comerciais entre as duas cidades, inspirou à rainha D. Leonor a fundação de uma Casa da Misericórdia, a primeira do reino de Portugal. Perante este passado, a expressão é popular. Ouvimo-la dita pelos mais velhos, vezes sem conta, quando confrontados com pedidos que consideravam despropositados. “O sentido, se a memória não me falha, era sempre no intuito de dizer aos mais novos “isto não é a Santa Casa da Misericórdia, que atende a todos e a todos faz o bem, praticamente sem olhar a meios”, já que o que interessava era socorrer e ajudar, em prol do bem comum. O que há mais de 500 anos uniu a sociedade civil para erguer o setor solidário até aos dias de hoje, foi a criação de relações.

A economia social está a lutar por uma relação que não se quer platónica e a imagem das Santas Casas, não se compara com outra velha ideia de que, o dinheiro e a dimensão da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa são transversais a todas as outras. A maioria dos portugueses perguntam-se: o que seria possível fazer com um cheque de 100 milhões de euros, ou mais, se o mesmo fosse usado em prol do apoio na saúde e na doença, na geriatria e na educação préescolar? Seria feito muito, certamente, e com grande retorno para o país e com efeitos a médio e longo prazo. Mas sem dúvida que o dia-a-dia da maioria das Misericórdias em nada se compara com a realidade institucional da Misericórdia dos Jogos. Resta agora contar com a ajuda e determinação de todos, para tão breve quanto possível, após estes contexto de pandemia, voltarmos a realçar novos projetos e reforçarmos a ação social, em cada comunidade e em cada Misericórdia.

Vice Provedor, Dr. Luís Costa.

Artigo de opinião, Jornal da Misericórdia de Leiria